segunda-feira, 20 de agosto de 2012

GRITOS QUE NÃO SE OUVEM



olhe a multidão
o que você vê?
tente olhar além do visível
enxerga quão formidável inteligência?
ouvir além do inaudível
sequer nota o presságio à decadência?
Olhe a multidão
Pense no que cada um crê
cada vida uma história
cada vida, um livro
o que você lê?

veja a lama homogênea
não é outra, senão nossa essência 
as engrenagens que erguem da lama
a gigantesca máquina de hipocrisia 
que outrora alguém em um ato de ousadia
denominou raça humana
pois enquanto o sábio na diz o que sabe
o tolo não sabe o que diz
dizer que nós é que somos humanos
por nosso intelecto e capacidade de fala
seria enaltecer com ostentação leviana
a mais hedionda falha
e que seja o título de raça humana
sem pesar entregue ao animal
que sem intelecto e capacidade de fala
é capaz de viver em um mesmo mundo
com aqueles que a si se chamam humanos
e com incessante frequência
na por eles jurada inteligência
arrastam consigo o animal e o mundo
provando-se donos de incomensurável demência
mergulham sóbrios num abismo profundo
julgando um pormenor abandonar a existência

eu vejo a multidão...
e me esforço por encontrar um motivo
que seja uma pista, rastro, resquício
mas que revele em dada urgência
de hoje ao dia em que pisou adão no mundo
o motivo de nossa existência

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